Um marido de inclusão

Um marido de inclusão
Autor Flávio Bastos - [email protected]
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Há séculos atrás, a noção de mundo dos antigos passava pela visão de que a Terra era formada de linhas retas, e quando além da linha do horizonte o planeta repentínamente acabasse, um gigantesco precipício abria-se para o vazio do infinito.

Essa visão linear e simplista de mundo, formou uma mentalidade arraigada a costumes e crenças que ditaram durante muito tempo o comportamento social das pessoas, onde a incipiente ciência e os indivíduos considerados de natureza diferente dos "normais", tiveram imensas dificuldades de sobreviver em sociedades exclusivistas que adotavam um modelo comportamental intolerante às diversidades humanas.

É provável que o ápice dessa intolerância social tenha ocorrido durante o Santo Ofício da Igreja Católica, quando milhares de pessoas consideradas "diferentes" do modelo comportamental vigente, foram taxadas de hereges e perseguidas ou condenadas à morte pelos tribunais da Inquisição.

A herança dessa época sombria, traumática, ainda permanece de uma forma menos incisiva no sentido do preconceito e da discriminação. Hoje, porém, já existe uma nova mentalidade em formação, que aceita e inclui no convívio entre os "demais", os indivíduos considerados diferentes pela ótica do convencionalismo comportamental.

Aos poucos, da clausura de uma existência limitada pela vergonha ou pelo escárnio público, os "esquisitos" começam a sair de seus isolamentos para compartilhar a vida em sociedade. Tanto que, atualmente, surpreende o número de ex-marginalizados que revelam-se portadores de inteligência privilegiada a serviço da ciência ou formadores de opinião que influenciam consideráveis mudanças na mentalidade e no comportamento social, desde escritores, artistas, até cientistas e espiritualistas.

Há pouco tempo atrás, recebi em meu consultório uma mulher recentemente casada e em crise conjugal, cujo motivo, para a minha surpresa, revelou-se logo no primeiro desabafo: "Doutor, eu acho que casei com um marido de inclusão!"

Aos poucos fui entendendo a sua história. Eles, já quarentões. se conheceram, apaixonaram-se e resolveram casar. Esse processo levou apenas três meses, tempo insuficiente para se conhecerem mútuamente.

Quando se deram conta, estavam morando sob o mesmo teto, e ela descobrindo no dia a dia, facetas do marido que o envolvimento passional durante o curto namoro não permitiu que ela percebesse.

Com o passar dos dias ele revelou-se no convívio diário, um homem "papo-cabeça" e de idéias anticonvencionais, revolucionárias, embora a característica de fazê-la dar boas gargalhadas permanecia a mesma da fase anterior ao casamento.

No entanto, apesar de considerar o esposo um tanto estranho, afirmava amá-lo, mas que precisava entendê-lo melhor, e foi por este motivo que ela procurou ajuda na Psicoterapia Interdimensional.

A diferença entre ambos era acentuada: ele uma pensador dotado de inteligência acima da média, bom nível cultural, formação superior e bem informado no sentido geral. Mas desligado para certas regras sociais e indiferente à máxima de "construir patrimônio" no casamento.

Ela, racional, realista e focada no crescimento mútuo a partir do matrimônio. Tradicionalista no sentido de seguir valores herdados pela educação parental, tinha dificuldades em entender o marido através de uma outra ótica. Uma ótica que ela desconhecia...

O trabalho terapêutico, então, focou o amplo significado do termo "diferente" no atual contexto sócio-cultural, ou seja, o fato da diversidade humana abranger uma gama de tipos diferentes de pessoas, que não somente portadores de deficiências, mas também os demais excluídos por uma visão linear de sociedade que discrimina as pessoas que possuem uma visão -ou comportamento- diferenciado da "lógica retilínea" da vida.

Do além horizonte que termina na beira de um abismo sem fim, evoluímos o suficiente para entrar no terceiro milênio com uma visão focada na expansão da consciência e um olhar que contempla o universo como sendo a extensão de nossa morada...

De uma ótica linear e exclusivista, evoluímos para uma visão que inclui e aceita a diferença, pois somos resultado de escolhas que definem o nosso atual perfil biológico e psicológico. Perfil suscetível a alterações conforme a inclinação de nossas tendências através do livre arbítrio.

Nesse sentido, já acompanhei experiências regressivas em que a pessoa dita "normal" sob o aspecto dos padrões de saúde, fora em outra vida um indivíduo incapaz e dependente de terceiros. Assim como já acompanhei regressões em que o inválido em outra vida, hoje goza de boa saúde e plena capacidade produtiva.

Tudo no momento existencial de cada ser inteligente, é relacionada ao seu passado. No entanto, nada é imutável, e sim, adaptável à sua momentânea condição vital, conforme a interpretação das leis naturais no que diz respeito à reencarnação do espírito.

Portanto, a inclusão no convívio social -entenda-se aceitação- de pessoas consideradas diferentes, é um sinal dos novos tempos de transformações para a humanidade, cujos diferentes e esquisitos, ou seja. os gênios, as crianças-índigo e os pacíficos e puros de coração, entre outros, começam a chegar cada vez em maior número entre nós.

São as pessoas de inclusão -as diferenciadas- que transformarão a energia do planeta em uma realidade social menos invasiva, incisiva e mais plena de se viver. Por este motivo, ter um filho superdotado ou um marido com idéias revolucionárias não é o fim do mundo, e sim, o começo de uma nova era.

flaviobastos



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Conteúdo desenvolvido por: Flávio Bastos   
Flavio Bastos é criador intuitivo da Psicoterapia Interdimensional (PI) e psicanalista clínico. Outros cursos: Terapia Regressiva Evolutiva (TRE), Psicoterapia Reencarnacionista e Terapia de Regressão, Capacitação em Dependência Química, Hipnose e Auto-hipnose, e Dimensão Espiritual na Psicologia e Psicoterapia.
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