Os Três Milagres

Os Três Milagres
Autor Milton Roza Júnior - semendereç[email protected]
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Num dia de semana, esperando uma condução para dar início a uma nova jornada de trabalho, avisto a uns quinhentos metros um homem, tinha a aparência de quase quarenta anos; ele carregava em seus braços fraternais uma criança de mais ou menos cinco anos. Minha visão se detinha entre o ônibus que esperava e este senhor que se aproximava do ponto de parada andando cada vez mais lento. "Aquela criança não parecia ser nada leve." A uns dez metros, percebi a causa de tanto esforço, pois se tratava de uma criança especial, uma outra forma eufemista de se descrever, era que esta criança não tinha coordenação motora o bastante para andar durante tanto tempo.

O homem não estava com uma aparência de revolta por carregar aquela menina, pois, expressivamente, demonstrava um grande amor por esta pequena, e o amor remove o maior dos obstáculos. Acontece que no mesmo momento de sua chegada ao ponto, chega também seu ônibus. Então o cansado homem faz sinal quase que tardiamente, e o condutor, para variar, para o mais longe possível.

Vejo-o correr desesperadamente em direção à porta de acesso principal, porém, acontece o inesperado: a porta de trás se abre. Num reflexo de deixar sem ação qualquer mocinho de cinema e, com medo do motorista dar a partida precipitadamente, este cansado homem entra pela porta de trás deixando muita gente indignada.

"Mais um espertinho", disse uma jovem mulher.
"É na porta da frente!", disse outro com cara de absoluto.

Eu estava do lado de fora, mas próximo do acontecido, e vi muitas pessoas "cheias de razão", interpretando egocentricamente seu ato, aparentemente vil.

Acontece que um homem mesmo num deserto, e com uma flor entre as mãos, pode demonstrar sua boa conduta com um pequeno milagre; foi o que aconteceu. Em frações de segundos e antes do veículo continuar a sua jornada, um ambulante, destes que se infiltram em tudo, em qualquer meio de transporte, apareceu entre a multidão de gente que se acumulava dentro daquela "lata de sardinha" e veio até àquele pai visivelmente abatido, oferecendo-lhe que levasse o vale-transporte que já estava em suas mãos até ao trocador.

Neste ir e vir, com um sorriso na face que demorava a desaparecer, o rapaz disse que já estava entregue despreocupando o homem. E assim vi o segundo milagre: um trabalhador, destes que ficam em primeiro na fila do ponto final, que estava sentado à sua frente, cedeu generosamente o lugar.

Não bastando de tantos imprevistos, Deus consentiu o terceiro e maior milagre, conseguindo a mudança das pessoas ao seu redor. Algumas trataram de desconversar, outras viraram o rosto parecendo dever alguma coisa e outras simplesmente abaixaram a cabeça teatralizando um sono estranho e repentino.

O ônibus se foi e aquele homem com sua atitude impetuosa ensinou-me algo deveras importante: percebi que as pessoas nunca devem perder as esperanças, pois se com este humilde homem aconteceram três milagres consecutivos, o mundo não pode estar realmente perdido.
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Conteúdo desenvolvido por: Milton Roza Júnior   
O autor Milton Roza Júnior, lançou seu livro "A Semente" na bienal do Rio de Janeiro (estande M33/pavilhão VERDE). Uma conquista feita por trabalho, empenho e talento. O escritor só tem a agradecer e nada a pedir. NAMASTÊ.
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