Os povos indígenas possuem uma rica sabedoria cultural e socioambiental embasada na relação com a Mãe Terra e com o Pai Céu, que aprenderam com a espiritualidade, passada de geração a geração.
Reproduzimos trechos de uma entrevista com representantes de aldeias indígenas, dos EUA e do Brasil, entre 2015 e 2016, sobre como as tradições do seu povo influenciam sua maneira de vida*.
Segundo Uqualla - tribo Hedesupea - The Blue Ring Waters, Arizona (EUA): “Aprendemos a seguir os ciclos da lua, as quatro estações do ano e sua influência em nossas vidas: na plantação e na colheita. (...) Não há um sentimento de separação do cosmos e dos elementos da natureza. Todos nós somos uma pequena parte do todo. Somos irmãos e irmãs, somos uma grande família. Temos conexão espiritual uns com os outros. Temos consciência do que nos cabe fazer e todos nós temos um papel importante nas nossas vidas.”
Segundo Puma, da mesma tribo: “(...) O homem deve respeitar a Mãe Terra, pois a Mãe Terra e tudo mais possui um espírito, e esses seres espirituais não estão separados de nós. Eles estão conectados com todos. Os animais (...) e os elementos da natureza têm grande influência nas nossas vidas. (...) Nós não ignoramos esses sentimentos, essa energia espiritual das rochas, das árvores, dos rios e etc. Isto é uma grande jornada. Quando eu tive esta experiência pela primeira vez, comecei a agradecer e rir, liberando emoções ruins. Isto foi muito poderoso, e esta experiência me fez perceber que este era o meu caminho. Quando você sentir este momento espiritual, não o deixe ir. Aproveite-o! Sinta-o, absorva-o, e uma sensação de felicidade irá preencher você.”
Segundo Avani Fulni - Ô - aldeia Avani (PE): “Aprendemos (com nossos pais e avós) a não fazer nada errado. Para mantermos viva, as nossas tradições, precisamos preservar nossa cultura, a língua do nosso povo, nossas origens. Preservar tudo isso é muito importante pra nós.”
Segundo Wiryçá - aldeia Kariri Xocó (BA/AL): “Todos nós dependemos da natureza. Esta dependência não é somente para o indígena, é para todo o ser humano. Assim como uma relação de Mãe e Filho. A Mãe Natureza nos dá alimento, dá as plantas que curam, dá a água. Tudo que precisamos.”
Segundo Danilo VERÁ - aldeia Guarani Itaoca, Mongaguá (SP): “Os mais velhos nos ensinam a importância de preservar a cultura na aldeia, a língua e as danças. O indígena de hoje é diferente do indígena de outros tempos. Usamos tênis, blusa, calça jeans, mas nossas crenças ainda são muito fortes. Isso “agente” aprende e tem que passar adiante.”
Segundo URUKÃ - aldeia Kariboka – Pariquera Açu (SP): “Sabemos que união é tudo! É preciso ter diálogo para poder se entender e alcançar os objetivos para o bem comum!”
Terminamos com mensagem de um cacique, que recebi espiritualmente: “(...) Quem só tem o “olhá” (olhar) voltado para seu umbigo, para seu bolso, não sabe “valorizá” (valorizar) o chão onde pisa, “honrá” (honrar) a terra em que vive. Quem não sabe “respeitá” (respeitar) o semelhante é como uma árvore seca, com raiz fraca, que fica a mostra na superfície. Basta vir a chuva forte, e a enxurrada leva embora. (...) Prestem atenção no que vocês “tão” (estão) fazendo das suas vidas. O planeta “tá” (está) doente, porque “tá” (está) sendo maltratado! “Ocês” (vocês) também “tão” (estão) se maltratando e “num” (não) percebem. Olhem quanta gente doente! Querem a cura? A cura que tanto buscam está dentro de cada um!
*Mais conteúdo sobre esta entrevista aos indígenas e outros textos sobre ecologia consciencial estão no meu livro: Reflexões Econscienciais (2023) - Editora Amiga – entre em contato comigo: [email protected]. Parte da venda é destinada às aldeias.
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Bióloga, espiritualista, terapeuta holística e escritora. E-mail: [email protected] | Mais artigos. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Autoconhecimento clicando aqui. |
