Aprimorando a espiritualidade com um simples olhar

por Bernardino Nilton Nascimento

Vivemos numa época em que o ser humano está cada vez mais impaciente com o próximo e consigo mesmo. O melhor modo de educar a impaciência e nos tornar uma pessoa mais equilibrada é domar a nossa ansiedade. Quando a mente se sente tranquila, suspende todas as formalidades, exceto a da concentração na obra que temos em mãos. Quando a mente se põe em condições de conquista ou de receptividade, o nosso espírito pode trabalhar melhor para o nosso bem.

É em tais condições que o espírito se acha em melhor situação para fazer agir e reagir às idéias, às regras, aos métodos ou aos próprios entendimentos. Quanto maior for o sossego do corpo e a tranquilidade da mente, mais rapidamente aprenderemos o modo como deve ser feito tudo o que quisermos fazer.

Educando-nos nessas condições, iremos, gradualmente, adquirindo os meios adequados para a formação e transmissão de novas idéais, pondo-nos, assim, em íntimo contato com as mais elevadas regiões da inteligência e das correntes espirituais, recebendo delas novos conhecimentos e inspirações.

A nossa mente é como um lago sereno, que reflete em suas águas tranquilas tudo o que lhe parece arrogante. Estudaremos e aprenderemos todos os dias e em todos os momentos, as enormes diversidades que nos oferece a natureza humana.Todo ser humano transforma-se em um livro aberto, onde podemos ler claramente as suas vontades.

Um olhar carinhoso para uma pessoa que caminha pela rua deve ser dado para todos, independente de raça, cor, credo, sexo. Classificamos de indelicada uma pessoa pela forma ousada como olha para outra, assim como vemos nitidamente a vaidade nas pessoas, quando a olhamos com simplicidade. Quando tivermos adquirido, com toda perfeição, essa clarividência, no olhar carinhoso enxergará o outro, e poderemos calcular, em poucos minutos, se devemos ou não confiar em determinada pessoa.

Até entre ladrões, para que não falhe um arrojado golpe é necessário que haja recíproca e absoluta confiança no olhar. Napoleão pôde levar vitoriosamente a cabo seus triunfos militares, graças ao cabal conhecimento de seus homens, conhecimento intuitivo e filhos de sua própria mente, o que lhe permitia dar a cada um o papel que melhor se lhe adaptava.

Jesus Cristo elegeu os doze homens melhor dotados para receberem seus ensinamentos e passarem aos outros. Tudo isso por intermédio dessa mesma intuição. A intuição é um mestre interior, e tal mestre reside em todos nós. Se lhe dermos liberdade de ação e implorarmos, ao mesmo tempo, ao espírito infinito, por sabedoria, inspiração e luz para a nossa inteligência, veremos crescer nosso sábio, aquele que descobre as qualidades ou condições que as pessoas possuem para obterem êxito.

Descobriremos, então, não precisamente por sua aparência externa, se elas são nobres ou rústicas, se são educadas ou não. Os sábios, muitas vezes, nem sabem gramática, mas transportam montanhas, constroem vidas que rodeiam e cruzam em todas as direções deste planeta, encurtando distâncias e aproximando os corações humanos.

As pessoas cultas e instruídas podem escrever e falar com muita elegância, mas podem ser completamente incapazes do mais insignificante trabalho.O estado de descanso, tranquilidade e serenidade da inteligência é o estado em que têm sido feitas todas as grandes descobertas. É o que chamamos de ócio criativo. O nome de uma pessoa ou coisa que fugiu da memória quase nunca nos ocorrerá enquanto cansarmos de pensar nisso. Só quando deixarmos de torturar nosso cérebro, ele devolverá à nossa mente o nome perdido.

O repouso e a meditação retêm em nosso corpo toda a força que ele necessita para ajudar o espírito a agir, utilizando-se de todos os seus sentidos, por meio dos quais havemos de alcançar o que desejamos.O nosso espírito possui seus sentidos próprios e peculiares, distintos e inteiramente independentes dos sentidos inerentes ao corpo, sendo aqueles muito mais refinados, mais poderosos e capazes de atuar em maiores distâncias.

A nossa capacidade de sentirmo-nos íntimos com o espiritual, convenientemente educados, é durante o sono ou quando abandonamos o estado atual, onde podemos nos colocar em comunicação com o sentido equivalente de outra pessoa, cujo corpo esteja em qualquer lugar da Terra, do Universo, e, provavelmente, que assim esteja acontecendo simultaneamente. Por essa razão, pode acontecer que um espírito, cujo corpo esteja bem longe, contraia alianças e relações íntimas com o seu espírito ou qualquer outro que esteja flutuando no Universo, pondo-se em comunicação com esse mesmo espírito. O nosso sentido interior destrói, assim, toda idéia de distância e tempo.

BNN

Texto revisado