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A nudez da verdade

por ALZiRiTA
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Inspirado no livro de Fernando Sabino: “O homem nu”.

PROENÇA ACORDA ASSUSTADO.

Senta-se na cama. Seu coração bate forte, parecendo que vai sair pela boca. Está exausto! Mal vê o ambiente à sua volta. Não consegue permanecer com os olhos abertos. Leva as mãos à cabeça, segurando-a, pois a dor é intensa. Aos poucos, começa a pensar, a raciocinar: "Que alívio! Foi só um sonho! Onde estou? Eu, nu pela cidade. Que sofrimento! Que sufoco! Carla, minha amada e fiel mulherzinha...! Felizmente, nada, realmente nada aconteceu. Foi apenas um pesadelo. Que ressaca!"
Sua mente gradativamente volta à realidade: "Sim, estou lembrando... Meu velho amigo Eliseu e os sambistas que iam fazer um show. O bar. O aeroporto. O avião. São Paulo! O meu amigo Lincoln e o lançamento do livro!!!" Proença, angustiado, exclama: "Que dia é hoje? Que lugar é este? Eu, completamente nu?..."

Alguma coisa move-se na cama, ao seu lado. Ele olha e perde o fôlego, dizendo para si mesmo: "A mulata!... Como é linda com " seu corpo moreno", " da cor do pecado", cheirando a cravo e canela... Pedaço de "bom caminho..." Fogosa e ao mesmo tempo tão frágil, tão verdadeira na sua nudez. Marialva, minha..."
Imediatamente, volta à sua mente a imagem da sua doce e inocente Carla. O remorso invade todo o seu ser: "Como pude fazer isto? Minha mulherzinha não merecia! Eu sou um canalha".
Com lágrimas nos olhos, cuidadosamente, sai da cama. Procura suas roupas que estão espalhadas pelo quarto. Veste-se apressadamente e, pela última vez, olha agradecido à mulher que lhe proporcionou uma grande noite de prazer e fantasias. Caminha em direção à sala. Abre a porta sentindo o perfume das flores; a brisa em seu rosto... Ao bater a porta atrás de si, sente como se abrisse e folheasse as páginas de um livro de contos infantis, que geralmente começam assim: "Era uma vez..."
Com passos largos, decididos, Proença nem parece um homem tímido. Enquanto caminha, vai falando: "Dane-se o lançamento do livro! Não estava mesmo querendo ir! Dane-se o Lincoln!" Cansado, mas feliz, finalmente chega ao seu apartamento. Com mão trêmula, toca a campainha, esperando fazer uma surpresa à sua amada mulherzinha; porém, para sua surpresa, abre a porta nada mais, nada menos que o seu querido amigo, editor Lincoln! Surpresa maior: completamente nu, tendo atrás de si, nada mais, nada menos que a sua amada, doce, inocente e fiel mulherzinha, Carla...!

Foi um "Deus nos acuda": tapas pra cá; socos pra lá; gritos; lamentos...
Proença, possesso, expulsa do apartamento o ex-amigo e ex-editor Lincoln com sua ex-amada, ex-doce, ex-inocente e infiel mulherzinha Carla, porta-a-fora: ambos completamente nus. As horas passam. Deprimido, desnorteado, sem saber o que fazer, senta-se na sua poltrona reclinável, na sala, liga a televisão e acompanha uma reportagem, ao vivo, onde uma repórter fala sobre um casal que corre pelas ruas da cidade, completamente nu, despertando revolta nas pessoas que os vêm. Neste momento, aparece na tela uma viatura da polícia com o casal de "tarados", presos por "atentado ao pudor".

Proença, suspirando profundamente, murmura: “Isto não é ficção. Não é um sonho. Mas... Parece que já vi este filme". Desliga a televisão. Seu ser exala dor. Ele é só tristeza. Respirando fundo, fala alto para si mesmo: "Hoje morre um homem que se julgava feliz. Inicio a minha verdadeira jornada, aqui, completamente nu, despido das máscaras introjetadas pela sociedade no decorrer da minha vida até o momento presente. Assim como o pássaro Fênix renasce das cinzas e se projeta no espaço, alçando voo rumo à liberdade, à procura de uma nova vida.
Assim, eu, Telmo Proença, sociólogo, de 38 anos, brasileiro, também renasço das minhas próprias cinzas. Hoje é o dia do meu segundo nascimento!"

De repente, vindas do andar de cima, ouve vozes acompanhadas por palmas, cantando a canção: "Parabéns pra você / Nesta data querida..."
Proença sorri. Sua voz de tenor junta-se às demais vozes, ecoando em todo o apartamento, levando a esperança de dias melhores. Sente-se mais "leve". Caminha até o quarto, joga-se na cama, e imediatamente é envolvido pelos braços de Morfeu. Um sonho invade a sua mente:

“UMA LINDA MULATA DE OLHOS VERDES, DE CORPO MORENO, DA COR DO PECADO, CHEIRANDO A CRAVO E CANELA, DEITADA EM SUA CAMA SOBRE LENÇÓIS AZUIS DE CETIM, COMPLETAMENTE NUA..."

Texto revisado

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Atualizado em 11/7/2014

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