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Autoconhecimento
O que está por trás dos vícios
por Isha Judd
Quando pensamos na palavra vício, costumamos pensar nas drogas ou no alcoolismo. Muitos de nós podemos pensar que não somos viciados em nada, mas a sociedade moderna em general está cheia de
comportamentos viciados. Tudo o que usamos para nos distrair de nós mesmos é uma forma de vício. De fato, todos os vícios se derivam da necessidade de se afastar do que se sente, para adormecer a dor, o vazio, a desilusão. Talvez o uso da televisão ou da internet para sair de nós mesmos. Talvez abrir a geladeira ou acender um cigarro a cada vez que se sente ansioso. A forma do vício pode variar, segundo o nível de obsessão, mas o sentimento interno de descontentamento é a raiz de todo
comportamento viciado.
A razão de termos tanta dificuldade para estarmos conosco é que perdemos de vista nossa verdadeira essência, o que eu chamo amor-consciência. O amor-consciência é a experiência da absoluta liberdade e a alegria que se encontra dentro de cada um, mas que devido a todas as coisas que temos passado em nossas vidas, jaz oculto. Encontra-se embaixo das camadas de dúvidas, de ressentimento e frustração acumulados através das decepções e traumas de toda uma vida. Não se foram a outro lugar, só nos distraímos, tão acostumados a olhar para fora de nós mesmos em busca de nossa satisfação que nos esquecemos onde encontrá-lo.
A maioria de nós não gosta de estar conosco mesmos nem sabemos como consegui-lo, mas para começar é necessário aceitar nossas partes que rejeitamos como o ressentimento, os ciúmes, a ira, a vergonha, e descobriremos a verdadeira força que emergirá ao abraçar-nos assim, o poder da vulnerabilidade. Achamos que a vulnerabilidade é fraqueza; convido-lhe a encontrar seu poder e fortaleza; convido-lhe a sentir a potência do
amor por si mesmo.
É difícil estarmos conosco, isto é algo que desde pequenos não aprendemos, mas aprendemos o contrário, ir sempre para outro lugar ou para as outras pessoas. Quando somos pequenos se choramos nos dão chupeta ou nos dão de comer e assim tampam a boca, calam nossa expressão. Se estamos tristes ou chateados nos compram ou presenteiam algo para que estejamos alegres, isto começa a programar o consumo de qualquer coisa para gratificar, para mudar o estado anímico, para não sentir o que acontece dentro e pouco a pouco nos desligamos, focados só na ação externa do consumir, já seja fumando, comendo, comprando ou fazendo.
Esta ação está nos levando sempre a um momento futuro em que queremos conseguir um efeito diferente ao do momento presente, é sempre um bilhete para fugir deste momento, e geralmente vem acompanhado por uma briga interna. Esta briga diz: não gosto disto, não gosto como sou, quando ele faz isso me deixa sentindo isto e não se importa comigo, não sou suficiente, não me amava por isso me abandonou, se eu lhe tivesse importado, blá blá blá; ao redor destas ou de outras coisas pode ser que seja o discurso permanente de nosso intelecto, nosso sentir se torna mais e mais confuso e assim nos afundamos em algo que não tem saída. Geralmente este é o panorama que precede a ação de consumir, de ir buscar, de acender, de ingerir, de comprar, de conquistar, para não sentir esse tipo de coisa e demonstrar o contrário ou preencher a insatisfação. Todos sabemos que dura pouquinho essa ilusória satisfação, pois para realmente curar e mudar este mecanismo autodestrutivo temos que encontrar a raiz, e arrancá-la.
O ponto em comum que tem todos estes aspectos é a falta de amor, falta de
amor por si mesmo que desesperadamente busca que algo ou alguém mais lhe brinde. Então, temos que encontrar esse lugar de amar-nos e em vez de escapar-nos a buscar um consolo, abraçar o que não gostamos de nós mesmos com
amor e assim dar o primeiro passo de mudança. Se não sabemos ou não aceitamos o que acontece em nós, não podemos mudá-lo. Se não olhamos para dentro e sempre culpamos o lado de fora, não podemos sair do lugar de vítimas dos outros ou do externo. Quando começamos a olhar para dentro nos dizendo um sim, abraçando o que seja que encontremos, começamos a dar os primeiros passos para encontrar e experimentar o poder pessoal que jaz no centro de nós mesmos quando vibramos no
amor incondicional. Este poder transformador pinta de alegria, de paz e de regozijo tudo, pois é amor, e quando vamos curando essas raízes que geram sofrimento, desfrutamos este resultado que nos guia permanentemente em nossa evolução.
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Atualizado em 3/30/2015
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