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Espiritualidade
Estefânia, nazista e menina/luz
por Wilson Francisco
Ela desencarnou aos doze anos em 2000, de uma doença que os médicos não conheciam.
Na corrente sanguínea, as moléculas de hemoglobina tinham um defeito no mitocôndrio, que é a parte que capta a molécula de oxigênio e a carrega para as células do corpo.
Estefânia morria, a cada dia, asfixiada, e o pulmão de aço (respirador mecânico) lhe era o auxílio, na internação hospitalar constante.
Sua mãe, Doralice, uma jovem senhora mãe de outra duas filhas mais velhas, e seu pai, engenheiro arquiteto, davam-lhe muito carinho e atenção.
Um dia, em 1991, alguém falou para a mãe sobre o Denir e ela enviou uma carta com um retratinho de Estefânia com um aninho e meio, antes da doença minar-lhe o corpo.
E este meu amigo, no seu grupo de fraternidade, sediado ainda em sua casa, num quartinho dos fundos, começou a dar a atenção à Estefânia, carinhosamente chamada de Tetê. E a pedido de Dr. Frederich, (espírito) íam Denir e Cleusa, de quando em quando, à cidade que ela residia, perto de Belo Horizonte, para visitar Estefânia e cuidar dela pessoalmente.
Juntavam-se a algumas pessoas da equipe mediúnica do Centro Espírita de lá e se reuniam na casa de Estefânia e ela ali no carrinho de bebê, assistia a tudo. Não falava, não mexia com os membros, a cabeça sempre caída, mas sinalizava que entendia tudo.
Foram cuidando de Estefânia e descobrindo o seu passado e então aconteceu uma história linda, dentro daquela tragédia toda da lei de ação e reação...
Surgiu numa reunião, um jovem médico/espírito que se deu o nome de Rômulo, e declarava todo o seu
amor por Estefânia.
Hora ele vinha por uma médium, ora por outra e sempre mancando do lado direito e com o braço direito encolhido. Atuava aqui pela médium Marise e, em Barra do Piraí, pela médium Valéria.
Colocava a mão sobre os doentes e muitos se restabeleciam. Nada foi contabilizado, pois Dr. Frederich (orientador espiritual), informava não ser importante.
Os doentes vinham e depois desapareciam, como se dá nessas circunstâncias quando o benefício é recebido.
Rômulo foi visto pelos médiuns do centro da outra cidade, mas não foi dada oportunidade para ele, pois a casa espírita de lá não aceita a ação mediúnica de cura.
E no desdobrar da história, trazida pelos espíritos dirigentes do grupo e pelo próprio Rômulo, ele e Estefânia foram médicos no tempo do Nazismo e se deixaram levar pela maciça divulgação de Goebels, o ministro da propaganda de Hitler, sobre a necessidade do arianismo ou raça pura e sobre a eugenia.
Eles trabalharam como médicos cientistas nos experimentos com seres humanos, na tentativa de aperfeiçoar a raça humana e assim, enganados por si mesmos, corromperam o juramento de Hipócrates a que se haviam comprometido no dia do recebimento do diploma de médicos.
Rômulo morrera, ainda durante a guerra, quando uma máquina elétrica que ele aperfeiçoava, explodiu e o eletrocutou, queimando-lhe por inteiro, um lado do corpo. Esta a razão de manquitolar e ter defeito no braço, quando se apresenta nas sessões.
Estefânia fizera experiências em judeus, com gases mortíferos; para criar elementos que anulassem uma possível batalha por bombas de gases, proibida pelo tratado de Versalhes, após o primeiro conflito mundial.
Quando Estefânia, agora menina, sucumbia em asfixia, e era internada para ficar presa ao respirador mecânico, Rômulo exultava, pois acreditava que ela iria morrer e ele a teria logo, logo, em seus braços.
Estefânia sobrevivia, e Rômulo permanecia em sua obra humanitária, melhorando e curando muitos e sempre grato pela oportunidade que era oferecida.
Certa vez, desprendida do corpo, Estefânia veio em uma reunião e foi vista, como uma jovem bonita.
Falou com o grupo, normalmente, mas não entendia muito bem o que lhe acontecia, e falava com certa altivez, como se fosse superior.
Sua percepção visual era vaga, mas ouvia nitidamente, na sua língua germânica e o grupo a ouvia em português simples.
Agradecia, porém, tudo de bom que estavam fazendo por ela.
As curtas e repetidas manifestações mediúnicas de Rômulo foram lhe dando a oportunidade de diminuir os seus aleijões. Eles eram resultantes da mente culpada e idealizada no momento trágico de seu ultimo desencarne.
Quando Estefânia deixou o corpo, já mole e frágil, e se foi para o plano dos espíritos, Rômulo sumiu sem se despedir, tinha pressa de socorrer a sua amada.
Rômulo deixou saudades no grupo. Era sempre uma alegria sua participação nas reuniões.
De quando em quando Denir telefonava para a família, ou a mãe ligava para ele e depois, um silêncio mais longo.
Há uns vinte dias, a mãe telefona toda feliz para contar que, num curso sobre mediunidade em que ela está participando, na hora do treinamento, Estefânia veio para agradecer e dizer que irá renascer em breve, para tão somente fazer o bem, na corrida inelutável de ressarcimento de todos os males que praticou, enganadamente, porque na época passada supunha que se alguns morressem em experimentos, muitos e muitos se salvariam.
O modelo macabro de ideologia do nazismo que fez destruir o caminho evolutivo de muitos que nasceram naquela época e tinham diante de si uma decisão tão terrível, e não tiveram coragem ou não souberam eximir-se. (Ah! O Livre-Arbítrio quando mal aplicado!).
Na reunião citada pela mãe, Estefânia lembrou-se daquele senhor de bigodes (a médium não soube interpretar o nome do Denir) e pediu a sua mamãe que falasse a ele da sua gratidão.
A essa altura, o grupo do Denir, credenciado pela experiência Estefânia/Rômulo, já estava se envolvendo com outros ”nazistas”, espíritos presos ainda à situação que se envolveram e com os mesmos ideais loucos de domínio do mundo.
E alguns Espíritos, agora reencarnados, são jovens trazidos à escola espírita junto ao grupo, atraídos pela Lei Divina e pela afinidade.
Um deles, sofrendo males menores, de difícil diagnóstico pela medicina oficial, é educado e atencioso com todos. Outro é jovem estudante aplicado e "médium", nascido de mãe doente, e com uma cultura natural excelente, e leitor inveterado de tudo o que lhe cai nas mãos e vezes tantas já sabendo com facilidade enorme de todos os temas.
Descobriram quem foram os dois nos tempo do nazismo, e eles agora fazem parte da equipe mediúnica.
Muitos espíritos “judeus”, vingadores, na sua natural exigência de justiça pelas próprias mãos, passaram a ataca-los e também ao grupo.
Surgiram muitos problemas nas reuniões e foi difícil sustentar o equilíbrio. Estes espíritos se irritaram porque o grupo ajudava aqueles “opressores inocentes".
A metodologia do grupo é de não acusar espírito algum e nem os leva a ver vidas anteriores, atitude que pode impactar. "A semeadura é livre e a colheita é obrigatória".
O grupo apenas abre os corações, e enquanto tais espíritos, perseguidores implacáveis, não conseguem sentir as vibrações de carinho e amor, ficam dentro de suas armaduras, enquanto a vibração amorosa, transformada em energias salutares pelos espíritos especialistas que participam das tarefas de amparo, se aproveitam delas.
Chega, então, o momento que tais espíritos deparam-se consigo mesmos, e a misericórdia divina, providenciada pelos espíritos socorristas que os trazem à reunião (como em todas as casas espíritas), tais espíritos acabam, sentindo o bem-estar das vibrações transformadas em bálsamo calmante por sobre eles, e então espíritos outros, muitas vezes, as esposas ou mães, que os amam de verdade, aproximam-se e eles se deixam levar, adormecidos para locais apropriados no plano espiritual, onde e quando iniciarão um processo de reeducação mental, preparando-se para futura encarnação.
A batalha de resgate é contínua, pois outros espíritos e encarnados "nazistas” chegam e aqueles a quem eles feriram de morte, e hoje no mundo espiritual, muitos permanecem na revolta e fazem cadeia para si mesmos, e se alimentam desse ódio.
É difícil desembaraçá-los dessa teia de horror revivida a cada reencontro com seus algozes, hoje, na carne, ou ainda lá no plano espiritual.
Estefânia precisa treinar, ou melhor. Re-treinar tudo sobre o que aprendeu de medicina, agora, na arte de curar, e aperfeiçoar as técnicas de manipulação do fluido universal.
Entendendo, o Denir, que poderia fazer uma homenagem a Estefânia em alguma palestra, preparou-se, pensando sempre em Estefânia, com carinho e saudades.
Havia, ainda, algo que ele não sabia, porém pressentia.
No Carinho Miúdo, nome do grupo, eles tem sempre um orador, amigo ou do movimento espírita regional. Mas, o convidado para o dia 11 de Fevereiro, não pode ir. Então ele fez a palestra.
Falou de Hipócrates e seu juramento aceito por todas as escolas de medicina do mundo ocidental, e falou da medicina do tempo do nazismo e expôs a chaga daquele drama terrível. E contou a história de Estefânia e Rômulo. O titulo da palestra foi “Estefânia e Rômulo. Um Amor do Outro Mundo ou A Misericórdia Divina” .
Após a palestra, uma das médiuns do Carinho Miúdo, se recusou a ir para a sala de atendimento, por declarar-se muito cansada (ela é fotógrafa e muitas vezes, fica em casamento ou aniversários, até de madrugada) seu nome Débora. Sentada numa das primeiras cadeiras fica mediunizada e o Denir vai lá atendê-la.
O Denir estava emocionado, assim como as dezenas de pessoas do salão.
E o espírito se identifica, também emocionado. Eh Estefânia, e quer agradecer por tudo, e então ele pergunta se a médium aceita falar para o público e ela diz com naturalidade que sim (a médium apesar de fotógrafa, é tímida no tema mediunidade). Denir levanta a médium e ela se vira para a os presentes e fala firme e segura e diz o quanto está emocionada por todo o carinho que foi dado quando iam cuidar dela em sua casa.
E diz de sua necessidade de ajudar aos doentes que chegam a casa espírita e já queria entrar na sala de atendimento. Mas não foi possível pois a emoção dela e de todos foi muito grande.
Débora, muito emocionada, mas também temerosa e cansada, retornou logo depois para casa.
Iniciava-se ali, uma nova ordem para as tarefas de
amor ao próximo no grupo.
Começaram a organizar reuniões (fazem isso periodicamente, mas agora se faz necessário isso mais constante) para esclarecer a todos, sobre o comprometimento mais serio que seria exigido, quanto ao
comportamento pessoal de cada um.
E, em todas as reuniões foram tendo contato com os espíritos planejadores das tarefas, alertando-os para busca da segurança e do “Vigiai e Orai”.
Wilson Francisco (Denir Lopes
Volta Redonda - Fevereiro de 2007)
Texto Revisado
Atualizado em 4/12/2015
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