A misteriosa tosse de João

por Flávio Bastos

"A mais bela coisa que podemos vivenciar é o mistério. Ele é fonte de qualquer arte verdadeira e qualquer ciência. Aquele que desconhece esta emoção, aquele que não pára mais para pensar e não se fascina, está como morto: seus olhos estão fechados". (Albert Einstein)

A OMS (Organização Mundial de Saúde) classifica doença como a ausência de saúde e disponibiliza para a sociedade a Classificação Estatísitica Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde, designada pela sigla CID (Classificação Internacional de Doenças).

Segundo a medicina, tosse crônica é aquela que dura mais de três semanas e que não passa com os medicamentos antitússicos e xaropes convencionais. Ela pode ser causada por sinusite, refluxo gastro-esofágico, laringite, câncer, devido à inalação de produtos tóxicos, presença de vermes nas vias respiratórias, uso de medicamentos para o coração, poluição ambiental e uso de fumo. Para identificar a sua causa pode ser necessário, além da anamnese e da observação clínica, a realização de uma tomografia computadorizada ou de um raio x dos seios paranasais. As especialidades mais indicadas para tratar a tosse seca crônica é a Otorrinolaringologia e a Pneumologia.

João, 43 anos de idade, que padecia há vários anos de uma tosse seca crônica, procurou ajuda na Psicoterapia Interdimensional após os especialistas da área médica terem concluído que a sua tosse era de difícil diagnóstico e de provável fundo emocional.

Segundo João, a sua tosse crônica ocorria sem motivo aparente ou quando ele se sentia inseguro ou tocado emocionalmente. Situações que o constrangiam, pois não eram poucas as vezes que ele tinha que se retirar do ambiente ao qual se encontrava para não incomodar as pessoas com os seus acessos de tosse.

A psicoterapia focada na vida atual detectou alguns traços do perfil psicológico de João, que indicavam o sentimento de vitimização como resultante das relações estabelecidas com um pai distante, avesso ao afeto e ao diálogo, e de uma mãe superprotetora. No entanto, crises depressivas e o fato de sentir-se vítima das circunstâncias da vida levaram-no ao envolvimento religioso. Foi na Umbanda que ele encontrou o seu lado místico e conseguiu canalizar a sua sensibilidade suprassensorial no atendimento de pessoas que o procuravam no sentido da ajuda. Situação, que conforme ele afirmava, já ocorrera em outras vidas.

Contudo, a sua sensibilidade especial não conseguia sintonizar com a origem de sua tosse crônica de difícil (ou impossível) diagnóstico médico, pois os exames realizados não apontavam nada conclusivo, somente uma suspeita de que fosse uma reação alérgica de fundo emocional, sem considerar outras situações que poderiam provocar os acessos de tosse. Em decorrência da incompreensão do processo causa-efeito da tosse de João, uma aura de mistério envolveu o caso, o que motivou-o a buscar respostas numa outra vida.

No primeiro momento da regressão de memória, João começa a tossir e a perceber-se preso como se estivesse amarrado a alguma coisa. Na sequência, acessa uma imagem na qual encontra-se amarrado a um tronco e em cima de um monte de madeira. A seguir, tossindo bastante e sentindo-se sufocado com a fumaça da madeira em combustão e com a glote fechando, ele verbaliza que é uma mulher que foi condenada a morrer na fogueira por prática de bruxaria.

No entanto, a tosse que torna-se convulsiva cessa repentinamente, pois no momento seguinte, João visualiza-se fora do corpo e percebe que um círculo de cinza marca o local onde ele fora amarrado. Acaba o seu suplício naquela vida.

COMENTÁRIO

Se os traumas da vida atual são considerados marcantes, os traumas ocorridos em vidas passadas possuem o mesmo significado e a mesma repercussão na estrutura psíquico-espiritual do ser dotado de inteligência. E nessa direção, não são poucos, nem raros os casos que envolvem dificuldade de se chegar a um diagnóstico, principalmente em situações nas quais o emocional permanece sintonizado ao fato ocorrido em vida passada.

No caso descrito, a revivência do fato através do acesso à memória extracerebral, torna-se esclarecedor à medida que fornece a informação necessária ao processo terapêutico e, acima de tudo, à pessoa para que ela possa apropriar-se do conhecimento e elaborá-lo no sentido de que cesse o seu desconforto. No caso, a tosse crônica.

A experiência regressiva forneceu a João valiosas informações sobre a causa de seus acessos de tosse e a sintonia que o mantinha preso à síndrome de vitimização na vida atual. Estado de coisas que aponta o caminho da libertação como meio de alterar um padrão emocional associado ao seu comportamento.

O "enigma" de seu sofrimento foi decifrado pelo fato acessado através do processo psicoterapêutico interdimensional. Cabe a João, a partir deste momento, cortar definitivamente a sintonia com o seu passado para vislumbrar um presente de horizontes largos e um futuro de realizações plenas.