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Espiritualidade
Somos Todos Um
por Marina Gold
“Somos Todos Um”. No amor, território privilegiado de comunhões, mais do que em qualquer outro domínio, essa ideia precisa vigorar com toda sua esplendorosa intensidade.
Refiro-me ao
amor que se realiza integralmente, aquele que encontra ilustração visível na figura circular do Tao. Ali, bem no centro das ondulações, onde positivo e negativo se equilibram, a unicidade plenifica o encontro ideal de entrelaçamento: o
amor perfeito, enlace de almas gêmeas.
Como não admirar esses amores, complemento exato, abraço de indistinção. Deve ser almejado e celebrado, fonte reverberante de fortes energias, uma das mais elevadas realizações da alma. Quando ele se afirma, ilumina o redor, faz a vida sorrir.
Porém, a frustração dessa situação, como dolorosamente acompanho nesses muitos anos que atravesso trabalhando com espiritualidade, é fonte de pânico, dor e sofrimento; choro e ranger de dentes.
Investindo pesado na mão do encontro, se a expectativa de
amor se desdobra em desencontro, os ferimentos e sequelas podem ser fundos e duradouros, estraçalham o ego e a autoestima.
É na rejeição ou desilusão amorosa que as pessoas, ávidas para fundirem a sua subjetividade e a alheia num novo composto, desfazendo e refazendo os componentes individualizados, aproximam-se mais perigosamente do que pode dar certo e, exatamente por isso, do que pode – num sentido contrário – dar errado. Do que pode dar muito certo, ou muito errado.
O acerto faz brilhar uma luminosidade intensa e calorosa, dá sentido às coisas e sabor aos dias. O insucesso, entre o amargo e o azedo, nos fragiliza ao revelar a precariedade solitária da procura que não logra.
Nessas situações extremamente tênues e delicadas, quando se lida com películas diáfanas como bolhas de sabão, o bom aconselhamento (e acompanhamento) espiritualista demanda imensa atenção.
Cada movimento precisa ser cuidadoso, requer o esmero empregado ao limpar e fazer curativo no joelho da menininha que está – duras penas, lágrimas rolando – perdendo os medos, aprendendo a andar de bicicleta.
Texto Revisado
Atualizado em 7/22/2015
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