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Pequeno manual para superar a perda de um grande amor

Pequeno manual para superar a perda de um grande amor

por Marina Gold
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Nesse guia, em quatro etapas, compartilho indicações de como contornar a perda e, olhando além, abraçar o encontro com um novo amor. Abordando a dinâmica de reconstrução da vida sentimental, esclareço para meu leitor postura e procedimento para vencer a crise.

Primeira etapa: saindo do ovo
Como superar um amor perdido? Da perda à sua conscientização, há um período de espera, de latência. Difícil acreditar, inevitável aguardar que a situação se reverta!
O “nós que nos amávamos tanto” é inapelavelmente substituído por “pesca no celular”, “revira as redes sociais”, e lágrimas – muitas lágrimas.
É um período para não se fazer loucuras, para se amarrar no mastro (como Ulisses diante das sereias) no sentido maior de sobrevivência, de apaziguar a fúria, a angústia, as reações intempestivas, exercer um rigoroso controle da ansiedade, dos alimentos, do álcool, das fugas fáceis.
O dever é procurar o eixo condutor dos afetos para avaliar as avarias, iniciar os consertos preliminares, escolher as ferramentas adequadas para sanar o estrago, que é sempre muito grande.

Difícil voltar à vida, como um pássaro que, afinal, rompe a casca e olha em torno, provavelmente sem entender nada... é possível que seu único instinto seja retornar para dentro da proteção do ovo que, por sua vez, infelizmente, já se quebrou.
A duração desse período só depende dos mecanismos de memória-esquecimento. Enquanto as pessoas falam sobre a perda, informam-lhe dos passos do outro, a cena segue, a vida prossegue: amigos viram enfermeiros, terapeutas, detetives; a família se enche de cuidados, escolhe as palavras, anda na ponta dos pés. É preciso mudar o cenário e, para tanto, não ouvir, não comentar e, muito menos, farejar.
Para conseguir esse afastamento inicial e indispensável, boa ajuda é bem-vinda. Uma consulta espiritual sempre auxilia, reorganiza e acode os pontos mais doloridos e obscuros. Mas, atenção! Nada que retroceda, que aponte para o passado ou prolongue a espera inútil.
Deve-se olhar e rumar adiante. Entender e superar. Todos os recursos terminaram, todas as conversas cessaram, todas as informações foram truncadas, todas as rezas não funcionaram e você, mesmo que não queira, precisa ser impulsionado de volta para a vida normal.

Segunda etapa: colando os cacos
Saindo da experiência do ovo, da expulsão cruel da casca, começa a segunda fase, a de fortalecimento e, mesmo com a dor bastante presente, a mágoa, a raiva, a sensação de injustiça, você precisa juntar os cacos. Já que nada mais resta, é hora de vivenciar a segunda etapa, refazer a taça de cristal que caiu e estilhaçou.
Longe de ser um quebra-cabeça prazeroso, juntar os pedacinhos de cristal em que a vida se transformou – mesmo bastante fragilizado, tanto como ser amado e também como ser humano –, você é obrigado a se encaminhar: voltar ao convívio dos amigos que se mantiveram fieis, frequentar os lugares, ir à festa, ao cinema, à academia, e colocar a atenção no trabalho e coisas usuais, ou seja, reorganizar o cotidiano com aquela pessoa a menos e o espaço deixado vago.
Agora os desafios aumentam, porque a zona de perigo, referente à perda, vai se estendendo cada vez mais. O ex ser amado também pode ter se libertado e se apresentar, bem ali, à sua vista, no dobrar de uma esquina, numa coincidência qualquer, acompanhado de uma pessoa diferente, olhada com a mesma ternura antes dirigida a você, tendo a mão segurada como antes era a sua.
Juntar os cacos requer sangue frio e a objetividade seca de um convencional “como vai?” Consiga isso e se console, porque ainda lhe sobrará a dignidade. A raiva não é positiva. Enganosa, pode parecer que ajuda, mas não auxilia em nada quando se trata de repelir a causa do sofrimento.
Nesse período dos cacos, ao contrário do anterior (do ovo), você já estará novamente interagindo com o seu meio e passará a se articular para encontrar uma nova experiência, um novo ser para amar. Você já passou pelo obstáculo do “nunca mais vou amar”, para o “acho que posso amar a pessoa certa”. A sua sensibilidade retoma a busca de novos sentimentos.
Parece brincadeira, mas no seu cristal ainda não totalmente refeito, não se define a imagem de ninguém que possa substituir aquele amor, agora distante. Na ampulheta da paixão, a areia escorre fina e lenta, num ritmo desesperante. É hora de ter redobrada paciência.
É como se você tivesse, de repente, todo tempo para se refazer num bolsão de grande vazio. Parece que o destino a colocou numa quarentena, que se prolonga por um tempo muito maior do que você acha que poderá suportar. Nessa fase os cacos, já devidamente cimentados, dão-lhe a oportunidade de explorar outros horizontes de amizade e, quem sabe, lentamente, passo a passo, de amor.

Terceira etapa: a imagem renovada
Nessa fase, você começa a se perdoar, a perceber que não pode ser culpado como o único responsável pela separação. Sua imagem vai se renovando, o gostar de si lentamente retorna. O “nunca mais” cede espaço, gota a gota, para o “talvez... um dia, se surgir a pessoa”.
Olha o espelho, muda o visual, compra uma nova colônia, aceita dar uma saída com os amigos, surpreende-se, enfim, por ver (e aceitar) que o ser amado também tinha “defeitos” e não era exatamente a pessoa mais fácil ou mais confiável do universo.
Enfim, a indignação vence aquele desejo de retomar o “doce amor antigo”, e o sonho se transforma em uma “cruel vontade de vingança”. Seu único impulso, a derradeira ilusão: querer que a outra pessoa se atrapalhe, perca-se na vida, afunde nos problemas, “entre pela minha porta no auge do arrependimento, precisando de mim só para que eu possa expulsá-lo como é de seu merecimento”, “acabe, pequeno e arrasado”.
Enquanto essa vontade perdurar, você prossegue unido, pelos laços errados, ao ser em questão. Levando-se em conta que o ódio é um vínculo tão forte quanto o amor, nesse período, lendo os anúncios nos postes – “amarro”, “trago de volta em sete dias” – você acha que foram deixados ali por sua causa. Mas, atenção, tudo o que é necessário agora não está em nenhum desses cartazes: “desamarro”, “liberto em sete dias”.
Renovar a imagem (caminho para renovar a autoimagem) é a tarefa fundamental que se impõe, mas ainda falta muito para que você consolide novos critérios, penetre novas possibilidades de retomada de gosto e emoção. Por mais que você tenha sobrevivido até aqui, os sentimentos de insegurança, a estima abalada, ainda não permitem um posicionamento neutro em face da tentativa de um novo relacionamento.
Seu dever incansável é buscar a renovação de sua imagem. A meta, alcançar a realidade adequada, para permitir que brote um novo eu. Tem início a quarta e última das etapas: a reconexão com a vida – um retorno à crença de que você poderá viver outra vez um grande amor. Será o tempo de retornar às possibilidades de afeto e novas sensações, hora de se afirmar novamente em suas próprias características, qualidades e esperanças.

Quarta etapa: saindo do deserto
Andarilho no deserto, você percebe que é indispensável refazer o cenário e começa a se encantar com essa possibilidade.
Seguindo o instinto mais primitivo de sobrevivência, você passa a se mover em busca de novidades, descobre novos interesses e vai se integrando aos poucos na experiência cotidiana, sendo novamente capaz de realizar escolhas tranquilas e isentas dos explosivos sentimentos anteriores.
O ex ser amado, miragem que vai se distanciando, afasta-se mais e mais a cada momento que passa. Você apenas começa a enfrentar o desafio das miragens. No desejo, na necessidade aguda de se apaixonar novamente, você vê em cada rosto que se aproxima uma possibilidade de amar.
Sentindo-se capaz de construir uma nova relação, você se livrou de um peso tão grande, que a lógica da sua vitória, da sua recente liberdade, leva-a a acreditar – superando desafios – que virá um novo amor e o universo afetivo se recomporá com toda a força das grandes paixões.
Infelizmente, as coisas em questão não funcionam assim tão fáceis e diretas: você está à mercê dos ventos do seu destino que brincam nas areias tórridas e redesenham as trilhas da sua jornada.
Provavelmente, você criará algumas expectativas que vão se desfazer, como se diluem as miragens no calor escaldante do meio-dia. Você vai se deparar com algumas circunstâncias que, elusivas, fogem e tornam a surgir mais adiante, repetidas vezes. Já não se trata de substituir o ser amado, mas de encontrar alguém inédito, que se harmonize com o seu novo ser, mais maduro e coerente, a pessoa em que você infalivelmente se tornou.
O caminho é longo. Felizmente, além de miragens enganadoras, há alguns oásis espalhados, núcleos acolhedores que proporcionam recursos, sombra e água. Nessas paragens você percebe que já está novamente forte para empreender o restante da jornada e seguir para fora da prisão de areia.
É o momento de sair do deserto: você deixa o grande mar de dunas por onde perambulou por longo tempo e, olhando para trás, você não sabe ser foram tantos ou apenas um único e enorme dia, tomado pelo sol ofuscante e abrasador do desamor, pelo medo de nunca mais amar.
Reencontrando o equilíbrio e a integridade, você retoma o estatuto de ser humano. Vencidas essas fases, você será perfeitamente capaz de recompor o seu território de emoções e iniciar um novo amor.

Conclusão
Minha experiência permite garantir que todas essas fases se organizam assim. Ao cumprir cada uma delas, você vai subindo a escada rumo a um novo grande amor. O mistério é – como sempre – o tempo, a duração de cada uma dessas estações. O certo é que você não pode estancar em nenhuma delas. Não pode se entregar, deixar de fazer esforço para vencer os obstáculos e passar para a etapa seguinte.
Se você empacar pelo caminho, procure ajuda e, principalmente, se ajude. Ninguém quer ter por companhia de vida uma pessoa amarga e desiludida. Essa é a melhor lição.




Texto Revisado
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Atualizado em 8/10/2015

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